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emoções

O que são emoções?

É difícil dizer… Emoção é alguma coisa que sentimos quando estamos a sentir alguma coisa, não é?” (M, 11 anos)

Definir emoção é de fato uma tarefa complicada, mas pode ser ainda mais difícil identificarmos e lidarmos com as nossas emoções.

Aqui fica um convite para iniciar um caminho que pode levar a uma maior compreensão acerca das emoções e, quem sabe, de si mesmo.

A palavra emoção provém do latim emotionem, que significa ato de se mover, deslocar. De fato, a emoção desperta um sentimento de agitação que leva o indivíduo a agir perante determinada situação. As emoções constituem estados afetivos agudos, de curta duração, com modificações orgânicas desencadeadas por um evento interno ou externo, que pode estar a ocorrer no presente ou ser evocado (lembrança/memória). Podem ser primárias, isto é, inatas, universais e evolutivas (alegria, tristeza, raiva, surpresa, aversão/nojo, medo), e secundárias, ou seja, sociais e que resultam da aprendizagem (compaixão, vergonha, culpa, ciúme, inveja, orgulho, desprezo).

Para que servem as emoções?

As emoções representam modos eficazes de adaptação face às mudanças que ocorrem, uma vez que preparam o organismo para uma resposta específica, rápida e adequada ao estímulo ou situação com que se depara. Um dos aspetos mais importantes da emoção é a avaliação do significado do “despertar” que a emoção provocou “É bom ou mau? Aproximar ou evitar?”, que permite dirigir o fluxo de energia que vai desencadear a ação.

Frequentemente dicotomizamos as emoções, classificando-as como agradáveis e desagradáveis, sendo que as primeiras são socialmente aceites e as segundas vistas como algo que deve ser temido e escondido. É importante perceber que não existem emoções boas ou más, positivas ou negativas e todas elas têm a sua função. As emoções como o medo protegem-nos, a vergonha e a culpa alertam-nos para a possibilidade de exclusão do grupo e emoções como a alegria motivam-nos a explorar o mundo que nos rodeia.

É ainda muito comum confundir emoções com sentimentos. Porém, são diferentes. As primeiras são instintivas, inconscientes, observáveis e consistem numa reação ao acontecimento. Os sentimentos são mais duradouros e são conscientes, estão ligados à emoção sendo como que a sua parte subjetiva. Assim, os sentimentos são as emoções filtradas através dos processos cognitivos cerebrais, através dos quais atribuímos significado ao evento.

Consegue identificar as suas emoções? Sabe como as diferenciar? Onde sente o medo e a ansiedade? Em que parte do seu corpo se manifesta a raiva?

As emoções têm uma elevada expressão no nosso corpo o que, além de nos ajudar a identificar o que estamos a sentir, também nos prepara para reagir rapidamente. De acordo com um estudo finlandês, a alegria e o amor têm uma reação corporal intensa e em todo o corpo. Já a raiva manifesta-se essencialmente na parte superior do corpo, na cabeça, braços, mãos e peito. Tente recordar uma situação em que se sentiu com raiva. Não se sentiu a ficar mais quente, com mais força nos braços e mãos, com o punho a cerrar? São manifestações naturais que preparam o nosso corpo para atacar perante uma situação que interpretamos como injusta. O medo e a ansiedade manifestam-se essencialmente no peito (aquilo a que chamamos de “aperto no peito”), mas também nas pernas (normalmente a tremer), o que nos prepara para fugir em situações de perigo. Na tristeza, há como que uma sensação de frio que nos invade o corpo e sentimo-la também no peito. Este “arrefecimento” implica uma falta de mobilização que se traduz na perda de interesse nas atividades quando estamos tristes, para nos recolhermos.

Esta é uma das formas de identificar o que está a sentir, estando atento aos sinais que o seu corpo lhe dá, mas que pode ter variações de pessoa para pessoa.

Como gere as suas emoções? O que faz quando sente medo? E raiva? Como a expressa?

Não é desejável deixarmos de sentir qualquer emoção, mesmo aquelas que consideramos desagradáveis. Nunca é demais repetir que não existem emoções boas e más, mas sim excessos emocionais. Quando negamos uma emoção e não a expressamos, vamos acumulando e gerando excessos que podem provocar sofrimento. É importante permitirmo-nos sentir o que estamos a sentir, isto é, aceder às nossas emoções. Entrando em contato com as nossas emoções e aceitando que é isto o que sentimos no momento, abrimos caminho para uma maior compreensão e integração dessas emoções.

Por outro lado, expressar uma emoção não significa necessariamente agir sobre ela e a sua expressão não tem de ser feita de modo inapropriado. Não expressar de todo a emoção leva a que fiquemos sobrecarregados emocionalmente e o outro não tem como ir de encontro às nossas necessidades. Mas, expressar inapropriadamente uma emoção também nos leva a correr o risco de afastar o outro. Quando expressamos o que sentimos, ao alvo para o qual as nossas emoções são dirigidas naquele momento, podemos optar por ser mais assertivos, específicos, contextualizar o que estamos a sentir, evitar o “tu magoaste-me” ou “tu estás a fazer-me sentir irritado” e substituir pelo “eu sinto-me magoado/irritado”, aumentando assim a disponibilidade de quem nos ouve para nos compreender.

Aprender a expressar as suas emoções é fundamental, para que possa cultivar o seu potencial interior.

A terapia pode constituir uma boa ajuda externa para lidar com as emoções que foram acumuladas ao longo da sua vida e também fornecer-lhe recursos para gerir as suas emoções diariamente, evitando os excessos emocionais e o sofrimento que daí resulta.

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