Por vezes quando ama, perde a sua identidade e vive como cópia de si mesmo. Abandona os amigos, afasta-se da família e desprende-se de si. Pára de pensar com a sua cabeça e passa a pensar pela cabeça do outro. Entra num jogo onde dois se tornam um, e este “um” determina a direção dos dois. É apenas um: um no gosto, na preferência, nas necessidades. É o “um” que dita isso ou aquilo para o “nós”. E apaixonado, responde e aceita às imposições feliz na sua paixão cega. Cúmplices, entendem que o “um” é o salvador da pátria, ou a meia laranja, ou a sua cara-metade, a tampa da panela, a pilha que faltava ao brinquedo. Todo este jogo, é alimentado pela ilusão da união perfeita e da satisfação plena. Não precisa de muito mais: “és meu, sou teu” e ponto. E seguem na ilusão.
Já pensou na relação entre a pilha e o brinquedo?
“Imaginemos um brinquedo dentro da sua caixa, de formas atrativas e cores cativantes… mas inerte, incapaz de apresentar os seus encantos por si só. Em contrapartida, a pilha, cheia de energia, chega disposta a dar vida ao seu brinquedo e consegue que esse monte de plástico se movimente, fale, caminhe, acenda as luzes e se comporte como se fosse um carro de fórmula 1 ou um palhaço. Mas essa mesma pilha, tão suficiente face ao brinquedo, é coisa pouca sem a sua combinação de plástico e metal. Seria um cadáver inútil, cheio de possibilidades, sim, mas apenas um cadáver até que se demonstre ao contrário, até que justifique a sua existência ao unir-se com outro ser a que pode dar vida.” Adaptação de Mariela Michelena
Nesta fusão, sentem que não são nada um sem o outro, e inconscientes sofrem as consequências. É que no desenrolar da relação, o “não existir” começa a ganhar peso, o peso da insatisfação e da frustração, da dependência emocional… E também começam os sintomas, como: medos, fobias, ansiedade, ataque de pânico, depressão…. Sem contar com as doenças, como o cancro, problemas de coluna, glandulares, talvez incontáveis intervenções cirúrgicas. Também os acidentes fazem parte deste rol.
Se reconhece a sua relação nesta descrição, temos algo de muito importante para lhe dizer: o amor é algo leve e proveitoso. Onde a cumplicidade existe e cada um é “um completo” – sustenta-se individualmente e na relação. Mantém-se fiel a si mesmo, nas amizades, família e preferências pessoais, onde os dois partilham e usufruem o que há de melhor em cada um.
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